sexta-feira, 13 de maio de 2011

Peru de vespera

Preciso admitir, como minha mae sempre disse, que eu sou ansiosa igual um peru que vive de vespera. Nao sei de onde saiu o termo, mas faz muito sentido!

Faltam 85 dias pra eu voltar pra minha vida brasileira, de enfermeira, de estudante, de estagiaria, dos amigos, da familia, da minha casa... Pensar que tenho so' 85 dias aqui comeca a dar uma pressao no peito, mil pensamentos vem a tona, e as 22h quando eu deito na cama e' o pior momento do dia!
Minha cabeca gira, mil coisas passam por ela, coisas boas e ruins, lados bons e lados ruins tanto para ficar aqui ou para voltar pra casa, nao consigo dormir antes da meia noite, ou seja, 2 horas de tortura, rolando pra la e pra ca na cama... nao preciso dizer que tenho acordado exausta, como se eu nao tivesse descansado nada!

E' complicado dizer isso mas quando penso na minha casa no Brasil, parece que nao e' mais minha casa entende? Mas, perai, como assim Bial, se eu moro la desde que me conheco por gente e moro aqui ha 9 meses? O problema, ou nao, e' que o ser humano tem uma capacidade de adaptacao incrivel, e eu aos trancos e barrancos me adaptei a vida aqui e so' fui perceber agora... estou mais adaptada que nunca, com a vida facil dos EUA. Obvio que tem muitas coisas que me encomodam aqui, mas, conversando com uma amiga, percebi que tem coisas que me encomodavam no Brasil tambem...

No Brasil tenho minha familia de suporte, tenho meus amigos pra sair, minha faculdade, meu trabalho... so' que acabo de lembrar que os dois ultimos citados consumiam todo meu tempo nos ultimos anos e me deixavam tao esgotada que quando chegava o final de semana eu so' pensava em dormir e relaxar, e o pouco tempo que eu tinha pra me dedicar as pessoas importantes estava sempre cansada! Tinha uma dor de cabeca absurda ao final de quase todos os dias quando chegava em casa.

Nos EUA, tenho um carro que me leva pra aula, tenho dinheiro na mao sempre ou quase sempre, tenho tempo suficiente pra descansar e estou sempre pronta pra sair com as amigas, tem maquina pra todos os tipos de  afazeres domesticos, tenho um celular ilimitado, e' facil viajar, as festas sao melhores e mesmo assim, eu tenho a sensacao de que falta alguma coisa...
Sei exatamente qual e' a coisa que falta, ou melhor as coisas: afeto, confianca, minha familia, meus amigos, minhas origens, minha cultura, comida de mae, etc. E foi por causa desses motivos que decidi voltar pro Brasil ao inves de renovar o visto e ficar mais por aqui.
Pode ser que ao chegar eu perceba que minha vida nao e' la e eu decida mudar de novo, ou pode ser que perceba que o Brasil e' o lugar que devo ficar pra vida toda!

Ok. Esses sao os pensamentos que me atormentam dia e noite, principalmente a noite quando e' a hora de nao pensar nada... mas como sou ansiosa, ja estou sofrendo por antecipacao pela minha futura adaptacao em casa, acho que vai ser facil, pois tudo quando estamos com os que amamos se torna melhor!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sobre amizades e afins...

AMIZADE
s.f. Afeição, estima, dedicação recíproca entre pessoas do mesmo sexo ou de sexo diferente: laços de amizade. / Amor. / Acordo: tratado de amizade. / Benevolência, favor, serviço: provas de amizade. / Simpatia de certos animais pelo homem: a amizade do cão pelo dono.


DISPENSAVEL
1 Que pode obter dispensa. 2 Que se pode dispensar. 3 Que não é de utilização forçada.


Uma das coisas sobre a qual mais tenho pensado nos meus momentos de solidao e' sobre as minhas amizades. Gracas a Deus, ao destino, ou a sei eu la o que, tenho muitos amigos, e o melhor, muitos bons amigos, para diferentes situacoes e ocasioes. Tenho otimos amigos do sexo masculino e maravilhosas amigas mulheres!
Nunca fui uma pessoa que sai por ai mostrando os dentes pra todo mundo, meus amigos sabem disso, tenho cara de braba (antipatica para alguns), mas eh que na verdade tenho um feeling incrivel para confiar ou nao nas pessoas que se aproximam de mim.
O ponto onde quero chegar e' que esse tempo morando fora me fez refletir sobre muitos assuntos, principalmente muitas pessoas, e algumas situacoes me mostraram que algumas dessas pessoas sao totalmente indispensaveis na minha vida e outras eu posso viver o resto da vida sem saber noticias, pois na minha vida nao acrescentam nada!


Fico aqui pensando o que faz algumas amizades de anos se transformarem em nada ou quase nada? E o que faz pessoas que conheci ha 2 semanas se tornarem super indispensaveis para mim? Essas perguntas nao tem resposta, pois o sentimento que temos por um amigo nao depende do `tempo` que o conhecemos, mas sim da capacidade que temos de manter o carinho, admiracao e respeito. 
Percebi que MUITAS das minhas amigas me admiram, me respeitam, se mostram interessadas em saber como estou, estao loucas pra me ver novamente... e RECONHECI que algumas (ainda bem que sao poucas) se mostram interessadas em fazer fofocas maldosas e invejar os momentos os quais eu estou vivendo, e sao exatamente essas que sao totalmente DISPENSAVEIS na minha vida!


Acontece que algumas situacoes aqui nos EUA e algumas que me atingiram direto do Brasil me fizeram aprender que aquela popular frase: "Antes so' do que mal acompanhada", faz muito sentido, mas ninguem consegue viver sem amigos, alias tem gente que ate consegue, mas DESCONFIO totalmente desse tipinho!
Acho que as decepcoes que tive com algumas amizades me fizeram valorizar as boas que tenho, sendo novas ou velhas!
Morar aqui me fez conhecer pessoas muito legais, que viraram amigas, as quais nao quero perder contato nunca, essas me fizeram mudar de opiniao sobre a experiencia, me fizeram aproveitar cada momento, crescer, entender, evoluir... Morar aqui tambem me fez REconhecer meus amigos de longa data, perceber o quanto eles sao essenciais, o quanto eu amo eles!
Sobre as dispensaveis amizades aproveito pra mandar um alo: ME ESQUECA! #ficaadica
Para os meus amigos, voces sabem quem sao, saudades e' mato, vejo voces daqui um tempo!



"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."



 Lorruama a melhor amiga que fiz na California...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Things to do...

Algumas pessoas me pedem pra postar, mas nao e' sempre que vem a inspiracao de escrever!
Nao gosto de escrever abobrinha, pois disso a internet ja esta cheia...


Resolvi entao publicar uma lista de algumas coisas que preciso mudar imediatamente na minha vida, de repente escrevendo assim seja o primeiro step pra mudar... hahaha, ai vai!

* Organizar meu quarto e mante-lo assim;
* Nao dormir tanto nas minhas manhas que tenho livre;
* Caminhar pelo menos 1 hora por dia, 5 dias na semana;
* Diminuir o tempo diario de internet;
* Parar de comer Mac Donalds;
* Parar de comer porcaria o dia inteiro;
* Parar de me preocupar com o que o povo pensa;
* Pensar em mim antes de pensar nos outros;
* Juntar dinheiro;
* Buscar a paz interior;
* Ficar sozinha por muito tempo;
* Aprender a ser feliz sozinha.


PRONTO FALEI!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma Isabel em minha vida...

Pra quem nao sabe vim para os EUA e trabalho como baba, nanny, au pair, o que quiser chamar...
Confesso que antes de eu vir, me imaginava sempre cuidando de bebes ou criancinhas crescidinhas, loirinhas, bonitinhas, AMERICANINHAS!
Mas o destino me reservava algo muito maior e de uma grandeza que poucas pessoas podem compreender, a familia da Isabel me escolheu, e fiquei sabendo que iria cuidar de 3 gurias adolescentes: Susana (12 anos), Eva (14 anos) e Isabel (16 anos).

A Isa tem Sindrome de Down, antes de vir fiquei com bastante `medo` de como seria lidar com ela, pois como estudante de enfermagem tinha vivido algumas situacoes com pessoas especiais e conhecia minha imensa dificuldade de aproximacao.

No email que a Lisa, mae delas, me enviou dizia: a Isa tem mentalidade de uma menina de 5 anos, frequenta High School, nao sabe ler, pratica basquete, futebol, equitacao e e' lider de torcida na escola que estuda! Pensei: meu trabalho vai ser facil, vou praticamente so' dirigir o dia todo!

Quando cheguei na casa da minha familia americana, fui bem recebida pelas gurias, mas a Isa e' super anti social, timida, usa casacos com capus pra sair na rua, so' conversa com quem ela realmente tem intimidade, finge que nao ouve os estranhos falarem com ela, nao mantem contato olho no olho por muito tempo, e, tenho a sensacao que se ela pudesse se fechar na sala de televisao e ficar la, ela ficaria ate envelhecer. Era verao, ou seja, podia ir pra piscina todos os dias, parque, atividades que qualquer crianca adoraria... Quando eu chamava a Isa para ir a piscina era aquela birra: chorava, gritava comigo, mandava eu deixar ela em paz... Obvio: uma estranha morando na casa dela, querendo levar ela pra um lugar publico, cheio de criancas, tirando ela do ambiente preferido dela, ela tinha mais e' que me xingar.
Durante aproximadamente 1 mes ela agia assim comigo, mas todos os dias eu insistia e quando chegavamos la ela esquecia a birra, aproveitava o tempo e claro, nao entrava na piscina sem eu estar dentro da agua antes!
Fui pegando o jeito, aprendendo a ama-la, respeitando os limites dela, impondo os meus e quando vi ja estava totalmente "apaixonada". Descobri que tenho um lado pedagoga dentro de mim (acho que vem da minha dinda) comecei a ensinar ela a escrever o endereco, o nome completo, o nome dos pais, das irmas, o telefone de casa e algumas palavras basicas (casa, cachorro, gato, escola, etc), hoje, depois de uns 6 meses treinando as palavras, ela consegue escrever sozinha, me sinto muito orgulhosa!!!
Descobri tambem um lado materno, que eu ja sabia que tinha, mas que aflorou demais com a nossa convivencia, quando alguma crianca ri dela, ou quando ela me conta alguma briga que teve no colegio, tenho vontade de ir la e brigar com todo mundo pra defende-la, ao mesmo tempo tenho uma nitida sensacao que muitas vezes nao sou eu que estou cuidando dela, mas sim ela cuidando de mim... Sabe aqueles dias tristes, em que tudo aborrece, ou que a saudades de casa ta sufocante? Ela vem me abraca, me enxe de beijos, e fica no meu colo assistindo filme...
Por fim, descobri que minha dificuldade de aproximacao era um certo "pre-conceito" meu, que felizmente eu vou deixar aqui nos EUA junto com alguns outros...

Hoje, depois de 8 meses de dedicacao, todos os dias eu ouco:
* Quando ela esta indo pro colegio: "Xanda Ill miss you"
* Antes de ir dormir de noite: "Xanda, I wanna a Good Night Kiss"
* Quando digo que vou embora pro Brasil: "NO, you are my sister, stay here with me, mom and dad"
* Em todos os momentos: "Xanda, I love you"

Posso garantir que nao tem recompensa maior do que essa e terminando essa reflexao, pensando o quanto ela mudou minha vida, meus olhos se enchem de lagrimas... agora me diga: COMO VOU VIVER SEM ELA?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

The life goes on...

Sempre fui (SOU) uma pessoa muito controladora, gosto de ter tudo sob meu controle, saber exatamente o que esta acontecendo com todas as pessoas que me cercam, gosto de me meter em tudo, dar pitaco, mostrar  minha opiniao sobre tudo na vida dos outros, quem me conhece sabe bem disso...

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Ja se passaram 8 meses de vida nos EUA e somente agora me veio inspiracao para escrever no blog!
Acontece que descobri que quando eu criei o blog e pensava em vir morar nos EUA eu nao tinha a minima nocao de tudo que iria acontecer na minha vida.
Antes de embarcar todos me diziam: "Alexandra, um ano passa voando", "Alexandra, acho que tu nao vais aguentar muito tempo", "Alexandra acho que tu nao nasceu pra viver longe", e hoje quando olho pra tras, vejo que o tempo realmente passou voando, mas que eu 'aguentei' e aguentaria todo tempo necessario morando aqui, e concordo que eu nao nasci pra viver longe das pessoas que sao importantes pra mim!
Sei que ainda tenho mais 4 meses para viver, aprender e aproveitar aqui, mas depois de 8 meses ja tenho minha opiniao formada sobre varios acontecimentos durante esse ano, tenho experiencias e aprendizados acumulados que sei que nunca teria vivido e adquirido se nao tivesse interrompido minha vida no Brasil.
Morar fora me fez mudar de opiniao sobre varios aspectos, me fez abrir a cabeca para o mundo, me fez desmanchar pre-conceitos, valorizar amizades, pensar mais em mim, amar a vida, ter vontade de conhecer o mundo todo, tentar sempre olhar o lado positivo de cada acontecimento, e, principalmente, me fez ver que nao existe nada mais importante nesse mundo que a minha familia, o meu lar!
Aconselho todos meus amigos a viverem algo semelhante, obviamente, muitos nao nasceram pra isso e sei que  tem pessoas que nao precisam sair do seu habitat natural para transgredir, mas eu precisei e conheco muita gente que precisaria disso tambem!

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Lembram da pessoa controladora do inicio do texto? Ela continua aqui... Acontece que quando decidi morar fora uma das coisas, talvez uma das mais importantes, que percebi foi que eu nunca na verdade tive controle de nada e nem nunca vou ter. Meu jeito controlador e minha mania de dar pitaco, talvez nunca mudem, mas pelo menos aprendi que isso nao me faz estar por cima em nenhuma situacao, a vida acontece do jeito que tem que acontecer, as pessoas fazem o que elas querem fazer, e como diz o titulo do post, traduzindo para o portugues: A vida continua!